sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Donde Miras I Parte



" Moça? por favor...quantos quilometros faltam prá chegar na balsa...mais ou menos?"
"Viiixxxxiii!!'Ceis vão andando?"
"Já tamo vindo...desde Santos..."
"'Ceis são loucos...!!!"
He he he... Não teria como começar a falar da caminhada sem citar esse diálogo com uma caiçara na estrada que liga o Guarujá à balsa para Bertioga, coisas assim ouvia se o tempo todo, porém se eu pegar a idéia a partir daqui talvez num de prá se entender nada lá adiante então vamos voltar à Santos de onde a caminhada saiu!
Saimos de São Paulo dia 26 de Dezembro 2009 direto prá Santos em um ônibus fretado e num pré contato feito pela equipe de apoio conseguimos ficar alojados na quadra do Sindicato dos Bancários local. Fomos bem recebidos e tivemos uma palestra com alguns representantes da Petrobrás falando sobre o Pré-Sal. A real é que eu tenho dificuldades para entender o que tá pegando,eu entendo dessa parada como a Barbara Gância entende de hip-hop. Vai vendo: Sei que o petróleo é nosso, mas não é. Que poderia salvar o país da desigualdade social, mas não pode. E que se os caras meterem fogo no bagulho( o petróleo) vai destruir a "civilização" do planeta, mas já tão queimando!!!!Então...sendo assim, não quero nem saber...vamos para o que interessa. Em Santos em razão da chuva que despencou por lá o Sarau foi cancelado e segunda feira dia 28/12/09 saimos do bairro Nova Cintra em direção a Vicente de Carvalho no Guarujá. Andamos por meia hora mais ou menos até chegar na orla de Santos próximo ao canal 1 ou 2 não me recordo bem. Nesse trecho o que mais impressiona são os prédios que, feitos sem consulta prévia do terreno, estão mais tortos do que a torre de Pisa e nos faz acreditar por várias vezes que estamos mesmo é com ilusão de ótica. Na balsa de travessia para o Guarujá o que mais me chamou a atenção foi o tamanho dos cargueiros lotados de containers, que de tão grande a embarcação os faz parecer brinquedos lego. Após a travessia andamos para a periferia do Guarujá por 45 minutos ou 1 hora até chegarmos ao bairro Vicente de Carvalho onde ficamos alojados na Sociedade Amigos Pae Cara. No Guarujá o tempo abriu e no dia 29/12/09 curtimos até uma praia antes do sarau feito em uma praça próxima. Interessante é que um dia antes ao chegarmos, um dos responsáveis pelo local citou que se algum de nós fosse sair era prá evitar um bairro chamado Prainha localizado a uns 800 metros de onde nós estávamos espremido entre o canal e a linha férrea na região do mangue. O que tem de interessante nisso? É simples...no dia do sarau todas as pessoas que eu conversei e perguntei onde morava me disse que morava na Prainha e, particularmente, não vi nada que me impedisse de um dia colar prá tomar uma cerveja com a rapaziada. Sarau lindo com filmes, musica e poesia e ainda no final uma roda de capoeira prá fechar a noite. Dia seguinte pé na estrada, mas por motivos de quilometragem exessiva uma parte do trecho foi feita de onibus, pelo menos o trecho urbano pé na estrada mesmo só na rodovia Guarujá Bertioga, que foi feito na escuridão total da noite mas sem perder o brilho, se podemos dizer assim, a caminhada foi tensa pela escuridão e suave pelo que encontramos no caminho. O contato feito com os moradores da beira da estrada em casas lindas que devem ter manhãs maravilhosas incrédulos ao ver um bando de poetas, musicos,atores, cineastas e etc caminhando de cidade em cidade mostrando um pouco do trabalho de cada um. Bom que podemos além de apreciar de graça como todos o trabalho de cada um, podemos ainda ter um contato do dia-dia.
Em Bertioga ficamos alojados no ginásio Municipal nesse caso estávamos o mais próximo da praia até então. Dia 31/12/09 rolou uma oficina com várias linguagens artisticas e um ensaio prévio para o sarau que seria dia 01/01/10. Na virada a chuva caiu sem dó chegando a alagar as barracas montadas fora do ginásio mas não impediu que saissemos para uma rápida roda na praia e um mergulho para agradecer o ano.
Choveu dois dias sem parar e só no sábado conseguimos fazer o sarau que teve a apresentação dos irmãos Carozi, o Palhaço Nono e o destaque para o Luquinha que mostrou suas habilidades como mágico além de outras apresentações.
Sentido norte proxima parada Aldeia Indígena em Boracéia divisa de Bertioga com São Sebastião. Começamos nossa caminhada na famosa praia da Riviera de São Lourenço onde nossas estimativas chegaram a perceber que um espetinho de camarão pode ser vendido por até R$35,00, mas só na minha mão. Praia cheia, muita gente, gente rica a caminhada foi até o fim da praia, seguindo por uma rua que terminava numa mini trilha que sairia na praia de Itaguaré, gigante e vazia (praticamente), nessa parte caminhamos até um rio onde depois de atravessarmos ainda andamos por mais uma hora e meia até sairmos da praia, nessa parte da caminhada eu apertei o passo, sai andando na frente e atingi a rodovia antes de todos e na minha caminhada sozinha escrevi um poema num pedaço de papelão encontrado no acostamento.Achando que estava perdido sem encontrar o carro de apoio, segui por conta própria perguntando, a principio para um salva-vidas que ao ver o meu estado de já ter andado por volta de 17 kilômetros, me ofereceu um marmitex, segui perguntando aqui ali até encontrar a aldeia por voltas das 20:00hs. Nesse horário já não é mais permitido a entrada de quem não mora na reserva, sendo assim; não durou muito até aparecer um carro com o Cacique a bordo dando me um enquadro mais tenso porém menos violento dos quais eu estou acostumado. Após um breve interrogatório fui autorizado a continuar até o alojamento preparado para nós, a escola da aldéia, repleta de borrachudos à noite e lotada de Mutucas de dia. Nessa parte da caminhada tive que me desligar do grupo, voltando prá São Paulo no dia 04/01/10 depois de um sarau para a comunidade indigena moradora da reserva.
Na sequencia, vou postar o sarau no Quilombo do Campinho já na chegada em Parati.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O Messias D.C.**

O Messias surgiu
No meio do nada
Uma casa apertada
E um sonho infantil

Sua velha senhora
Mãe de boa cunduta
Sua face não oculta
Tem um nome a zelar

Vê seu filho Messias
Com choro e desgosto
Fazer um verso póstumo
Prá policiais cantar

Na favela em que vive
Sente a fome apertar
Ninguém prá ajudar
Só se vem prá matar

De outro modo seria
Se o amigo Messias
Fosse o nome na lista
Da chique churrascaria

Mas o destino se arma
Poderosos gargalham
Ao saber da noticia
Da quebrada largada

Ontem, ao cair da tarde
Colou uns covardes
De pistola e sabre
Suspirando maldade

E em poucas horas
A alegria de outrora
Transbordou dos olhos
Dessa pobre senhora

Ela sonhou que um dia
O seu filho Messias
Com as graças da Abadia
Criaria sua filha

Destino malvado
Que na mão de fardados
Viu se tudo acabado
Como um cálice amargo

Mas o Messias é grande
Não cobra com sangue
No papel ele abrange
A agonia constante

Muito bom no cordel
Com caneta e papel
Fez um verso duloku
Lá na porta do CÉU*

O CÉU* na terra
É a politicagem itinerante
Apesar das poesias que escrevia
Foi preso como traficante

A periferia sangra à mostra
É bode-expiatório da Cosa Nostra
Hoje o Messias tromba a ROTA
Vira finado e não tem resposta

*Centro Educacional Unificado

Baltazar Honório

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Sonho Nativo**

Prá você de pele caiana
De traços indigenas
Trago dentro do peito
O amor dos Cabindas
Que é forte no olhar
E preciso na ação
Procurando o ponto
Prá acertar o coração
Veio no infecto negreiro
Sem olhar o oceano
Pensando no que faria
Para mudar os planos
Talvêz te buscar na noite
Nos meus braços levando
Para além do mar
Pro meu próprio encanto
O Cabinda espreita a oca
A espera de uma chance
Sabe que ela está perto
Mas não ao seu alcance
Se quizer arriscar
E não ser mais prometida
É só sair prá alegrar
Os tambores da minha vida

Baltazar Honório

O Obamis...é Mussum, Mano?

É... Muito tempo já passou desde que Obama fez a campanha para presidente dos EUA e foi atacado de todas as formas. Veio a vitória certa e as expeculações sumiram como uma nuvem de poeira no deserto de Utah.
Muito foi dito sobre desde a sua infância descendências e ascendências foram questionadas, e como é de praxe; reviraram a vida do cara do avesso.
Mas nada me chamou mais a atenção do que a insinuação de que o Obama era Muçulmano. Após sair uma foto num jornaleco qualquer vestido com uma roupa típica do Quênia, alguns opositores mais exaltados chegaram a questionar se Obama não seria um agente SLEEPER( um agente terrorista infiltrado no governo para tomar o poder e depois destruir o país) e teria um plano de acabar com o já não tão sonhado SONHO AMERICANO.
Seria maldade ou ironia ele ter ganho a eleição(como já se esperava), ter salvo o país(que estava no fundo do poço e levava o mundo todo junto) e é claro; levou o Nobel da Paz só prá deixar ainda mais pocessos os que acreditavam no contrário.
Seria demais para quem sempre espionou os outros ser espionado, não que quem o acusou tenha razão ou acredite nisso, a verdade é que queriam plantar no povo um medo inexistente a ponto de prejudicar, na cara larga, a campanha do Obama. Esse processo sempre foi utilizado no intuito de direcionar o foco da verdade que está para ser revelada.
É sempre assim, quando acontecer a pane... as mascaras cairão automaticamente.


Baltazar Honório

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Brasileiro*


Eu sou favela latino-americano,
Aqui beira do Pira Clementino suburbano
Sem código-penal sou Afro-Brasileiro,
Não dependo da sorte correria o ano inteiro
Ascendente da Abissínia Rainha de Sabá,
Malandro quilombola Água-Preta Quipapá
Pro agreste Pernambuco terra de Lampião,
Que antes de Che Guevara comandou a revolução
À benção Padin Ciço Antonio Conselheiro,
Nunca vai bater banzo de porão navio negreiro
Prá hoje a idéia louca de Ordem e Progresso,
Na roda da História me manter no retrocesso
Tenho a cabeça erguida dialeto delinquente,
Funcionando bem mais que seu discurso reticente
Vai sentir pelo choque que aqui cultura ferve,
É Preto Soul zona sul ai doidão, nem esquece

Sou brasileiro, sou
Verdadeiro, sou
Sou da favela
E ninguém vai me tirar
Sou brasileiro, sou
Candongueiro, sou
Sou maloqueiro
A quebrada é meu lugar

Som da quebrada pró Via Campesina,
Tipo com João Cabral na Morte e Vida Severina
Sem direito a terra o meu valor impera,
Tenho um despacho pronto pros Exú do Anhanguera
Que fez um genocídio no meio do sertão,
O que me leva agora lutar por reparação
Quebrando as algemas correntes preconceito,
A minha liberdade é baseada no respeito
Que vem do som de preto ecoando das janelas,
E anima a mulecada no estrela nova cela
Vivendo na fronteira divido o coração,
Eu mando um salve forte ao Campo Limpo e Taboão
Falei que pelo choque aqui cultura ferve,
É Preto Soul zona sul ai doidão, nem esquece

Sou brasileiro, sou
Verdadeiro, sou
Sou da favela
E ninguém vai me tirar
Sou brasileiro, sou
Candongueiro, sou
Sou maloqueiro
A quebrada é meu lugar

Preto Soul                                                *